Arquivo Fotos: Oséias Sallazar e Lusmar Araujo
Cristiane Rogerio e Marina Vidigal
Imagine uma escola
em que as crianças topam com um livro a toda a hora. Quando querem procurar
algo para fazer, lá estão os exemplares, disponíveis. Se é hora de procurar
informações, também estão eles lá, como opções. Para incentivar a escrita,
contar histórias, eles são as estrelas. E aqui, estamos falando de literatura:
uma história que faça o leitor viajar, encontrar com medos, ver suas dúvidas,
dar muita risada, descobrir o mundo. E treinar muito, claro, sua capacidade de
leitura, de entendimento, de prazer com o livro.
Crianças que convivem em ambientes de leitores e para as quais adultos lêem com freqüência, interessam-se mais pela leitura e desenvolvem-se com maior facilidade nesta área. CRESCER conversou com educadores, pedagogos, críticos de literatura infantil e especialistas em programas de incentivo à leitura e listou aqui o que pode fazer uma escola ser realmente parceira nesta bela empreitada.
Leitura Diária
Em muitas escolas é comum a leitura diária de
história, desde o primeiro ano de vida da criança. “Lendo, discutindo trechos
da história e chamando a atenção para as ilustrações, favorecemos aspectos
fundamentais da leitura, como compreensão de texto, seqüência narrativa, personagens
e espaço”, diz Maria de Remédios Ferreira Cardoso, vice-diretora da Educação
Infantil da Escola Móbile (São Paulo, SP). Mesmo as crianças já alfabetizadas
devem ser expostas a leituras, que, neste caso podem ser compartilhadas em
classe e acompanhadas de discussão do texto, dos elementos que o compõem e de
análise do enredo.
Oportunidade de Manuseio de Livros
Oportunidade de Manuseio de Livros
Para
que as crianças adquiram intimidade com os livros, é importante terem
oportunidades de tocá-los, sem a intervenção de adultos. Fica tudo no ritmo da
criança.
Acervos Diversificados
Acervos Diversificados
Os
livros devem ser diferentes, adequados à idade dos alunos, constantemente
atualizados e bem conservados. As visitas à biblioteca devem fazer parte da
rotina das crianças e, no local, é importante haver um profissional capaz de
orientar os alunos e estimular a leitura de obras adequadas.
Os Livros deles
Os Livros deles
Para as crianças, a possibilidade de levarem para a
escola seus livros preferidos é um grande estímulo. Muitas escolas incentivam a
prática, lendo em sala os livros dos alunos. Isso fará com que eles com
compartilhem com os amigos e, quem sabem, emprestem um para o outro.
Pais como Parceiros
Pais como Parceiros
As escolas devem chamar os pais como aliados no estímulo à leitura. Podem ser indicações em conversas, via internet ou em reuniões. Ou colocar livros à disposição na escola e convidar os pais a conhecer o acervo.
Visita de Atores
Encontros com autores são positivos para as
crianças adquirirem maior intimidade com seus livros, histórias e personagens e
perceberem que criar histórias é inclusive uma profissão. Mas a escolha precisa
ser bem cuidada: de preferência, a escolha deve partir – ou pelo menos ser
muito bem aprovada – pelas crianças. Nada de fazer as crianças conhecerem o
autor indicado somente porque ele vai lá. O bacana é oferecer, ver o que agrada
e contatar as editoras.
Professores Leitores e Atualizados
Professores Leitores e Atualizados
Para atuar na formação de novos leitores, ninguém
melhor do que professores leitores., nem a contratação de um professor deve ser
efetivada caso ele não se revele um leitor ativo. “O trabalho feito por
professores não leitores pode prejudicar o vínculo da criança com o livro, pois
quem não garimpa livros antes da indicação e da adoção, nem sempre vai escolher
títulos realmente capazes de sensibilizar os alunos”, diz Sueli Cagneti,
professora de Literatura Infantil e Juvenil da Universidade da Região de
Joinville (SC). Elizabeth Serra, pedagoga e Secretária Geral da Fundação
Nacional do Livro Infantil e Juvenil, concorda e acredita que a escola deve
promover grupos de leitura entre professores, como parte de um projeto de
formação continuada.
Leituras Obrigatórias
Leituras Obrigatórias
As
leituras obrigatórias parecem ser um recurso inevitável, já que as crianças
precisam vivenciar determinadas experiências literárias ao longo da vida
escolar. A escola deve procurar, no entanto, fazer dessas leituras algo
prazeroso para a criança. A leitura obrigatória pode ser um bom instrumento
pedagógico, permitindo que as crianças apresentem seus pontos de vista,
diferentes interpretações e opiniões. “Na escola Grão de Chão, utilizamos, por
exemplo, uma ficha de avaliação em que a criança diz se adorou, gostou ou não
gostou da leitura. Com isso, ela aprende que um texto chato para um, pode ser
divertido aos olhos de outro”, afirma Paula Ruggiero, Coordenadora Pedagógica
da escola.
Quando for hora de apresentar os clássicos da literatura brasileira e mundial, o empenho em “conquistar” este novo leitor deve continuar.
Quando for hora de apresentar os clássicos da literatura brasileira e mundial, o empenho em “conquistar” este novo leitor deve continuar.
“Por apresentarem uma linguagem elaborada e tratarem de assuntos por vezes complexos, os clássicos precisam ser mais trabalhados em sala, fazendo trocas de opinião, predição sobre acontecimentos, explicações paralelas sobre fatores históricos, maneiras de pensar da época, por exemplo”, afirma, Maria Cecilia Materon Botelho, diretora pedagógica da SEE-SAW/Panamby Bilingual School.
Nada de Mensagens Obrigatórias
Livro não tem uma única interpretação, uma mensagem
absoluta, muito menos obrigatória de a criança encontrar, ler nas entrelinhas.
“Mais do que apreender o conteúdo de uma história, um poema ou uma ilustração,
a criança deve se apropriar das estratégias de aproximação com os textos e com
a literatura”, diz Peter O’ Sagae, leitor crítico e editor do site Dobras da
Leitura.
Fonte: http://revistacrescer.globo.com/Reista/Crescer/O..EM15368-10536.00.html
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