terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O Vendedor de Livros

Por Galeno Amorim


Aonde vai, afinal, esse homem com tantos livros debaixo do braço?! E são uns livraços, desses que parecem pesar mais do que tijolos… Olhando bem, dá pra ver que são... enciclopédias. Um par delas!

O homem vai e bate de porta em porta. Toca a campainha em algumas das casas. Dentro delas, raros são os que fazem idéia do que vai no interior dos tais livrões: são verbetes variados, personagens ilustres e a própria história da humanidade.

Circunspecto e gestos largos, o homens dos livros busca convencer donas de casa ou seja quem der o azar (ou a sorte?!) de atender à porta, todos eles fregueses em potencial. Ele quer porque quer que elas saibam que o conteúdo daquelas e de tantas outras obras que há por aí pode, de verdade, salvar a vida delas e de seus filhos. E no mínimo, livrar a todos nós da santa ignorância.

Vender livros de porta em porta tornou-se, de hora pra outra, o ganha-pão do Seu Luciano. Até bem pouco tempo atrás ele era um homem importante, daqueles que estava sempre nos jornais. Ora escrevendo, ora como notícia.

Jornalista de retórica envolvente e um senso ético incomum, ele fora vereador, depois duas vezes deputado. Como não era dado à arte de pedir votos, eram seus amigos e admiradores que faziam isso por ele. Todos eles enfeitiçados por sua pureza e intransigência de caráter, além de uma clareza política rara.

Foi nos livros que ele aprendeu quase tudo que sabia na vida. Filho de italianos pobres que migraram da Calábria, Luciano sempre leu muito. Sobre política, proletariado e tudo mais que aparecesse na sua frente. Traduzia isso em inflamados discursos, feitos sobre caixotes de madeira, que eram verdadeiras aulas sobre política internacional.

Foi assim que cativou uma legião de admiradores. E era assim que se elegia, num tempo em que não havia cabo eleitoral pago ou campanhas milionárias. Tudo no gogó, no olho no olho.

Mas no meio do seu caminho houve um 1964. Ele foi cassado na primeira leva. Também ficou proibido de escrever em jornais. Chegaram a propor um daqueles empregos arrumados, mas, incorruptível, ele não aceitou. Preferia vender livros, que, como dizia, é o mais digno dos trabalhos.

Também era seu jeito de jogar um pouco de luz na vida das pessoas e ajudar a espantar toda aquela escuridão.

Mas o homem não durou muito tempo naquele emprego. Por uma razão simples: em vez de vender os livros, ele acabava por dá-los de presente cada vez que encontrava um freguês sem dinheiro para comprá-los.

Só anos depois, já com a derrocada da ditadura militar, Luciano Lepera, comunista convicto, voltaria às redações de jornais. Foi um mestre pra muita gente. Tão generoso quanto teimoso, ele era capaz de, literalmente, tirar a roupa do próprio corpo para dar a alguém que precisasse mais do que ele.

Ele se foi dessa vida tal qual veio: sem nada. Antes de morrer, doou o pouco que tinha. Mas o vendedor que dava livros deixou uma história e uma trajetória de vida incomum, materializada em torno da palavra, nos livros, nos jornais e nas tribunas. É dessas pessoas de quem jamais se esquece, dado seu inexplicável poder de tocar profundamente quem quer que passe por seu caminho.

Embora ateu, era mais cristão do que a maioria deles. Por isso, dele diziam que nem precisava acreditar em Deus. Porque Deus já acreditava nele...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Especialistas falam sobre o futuro das Bibliotecas

by Eduardo


Nos dias 24 e 25 de outubro, a Biblioteca Nacional convidou especialistas de várias partes do mundo para discutir o futuro das bibliotecas, com foco especial nas instituições nacionais de cada país. O seminário Biblioteca Nacional + 200 Anos trouxe ao Rio de Janeiro experts e diretores de Bibliotecas Nacionais para apresentarem experiências atuais e discutir perspectivas para o futuro da informação e seu compartilhamento.

Perguntamos para alguns dos convidados qual seria o futuro da "biblioteca" como instituição de preservação de memória e de oferta de conhecimento ao público. Como a biblioteca do futuro vai administrar a informação digital? Ela vai deixar de ser um espaço físico para se transformar em virtual? Veja o que responderam:

Paulo Herkenhoff, crítico de arte


Acho que a era digital é uma era que vai ser determinada pelo leitor e pela leitura, mais que pelo objeto. Estar atento ao leitor me parece uma das chaves para o futuro da biblioteca. Se quisermos permanecer como sociedade, nós precisamos de instituições que sejam capazes de representar simbolicamente nossa diversidade, nossos conflitos, nossas diferenças. Quais são as contradições, quais são os conflitos? Tudo isso deve estar dentro dessa instituição. O futuro da biblioteca poderia ser esse lugar onde uma rede de subjetividades se construa como um processo coletivo. Esse lugar é virtual, mas é um lugar com vontade de ser esse lugar e, por isso, exigirá fineza política para que não seja partidário, mas um projeto de estado.

Maria Inês Cordeiro, subdiretora geral da Biblioteca Nacional de Portugal


Embora caminhemos rapidamente para uma parte do acervo estar disponível na internet, nós não diminuímos o número de leitores. Até temos aumentado o número de consultas localmente. E isso contradiz um pouco aquilo que normalmente as pessoas esperam que é “quanto maior for o acervo digital, menor será a procura física, local, na biblioteca”. Tem sido uma experiência importante para nós verificar que não. Uma coisa não invalida a outra. Penso que isso se deve também à grande variedade do acervo e à dimensão enorme do acervo [da Biblioteca Nacional de Portugal]. Não penso que daqui a 50 anos a biblioteca física vai deixar de existir enquanto tal, procurada pelas pessoas, porque nós continuamos a preservar o patrimônio físico e a sociedade quer que continuem a existir os livros fisicamente. Mesmo que estejam digitalizados, haverá sempre uma procura por razões de investigação.

Marco Streefkerk, diretor da DEN Foundation (Dutch Knowledge Center for Digital Heritage)

Houve uma discussão na Holanda sobre o futuro das bibliotecas e não se chegou a uma resposta. Há muitas opiniões sobre como será esse futuro e acho importante que a biblioteca discuta, mas que abra essa discussão para a sociedade. O que é esperado da Biblioteca? Que serviços especiais ela deve oferecer? Ainda acho que as pessoas gostam de estar juntas. Aprender é uma atividade social, não é algo que se pode fazer apenas em casa, na frente do computador.

John K. Tsebe, diretor da Biblioteca Nacional da África do Sul

Os livros estarão sempre aí, por isso devemos preservar o livro de papel. Ao mesmo tempo, devemos garantir a digitalização e o acesso a conteúdo virtual – talvez no sistema de computação em nuvens. É preciso que esse conteúdo seja acessado da forma mais universal possível. Minha visão é que a Biblioteca Nacional como um objeto físico, como uma construção, sempre existirá, porque se você olhar para qualquer país do mundo, a Biblioteca Nacional sempre será a maior biblioteca daquele país, em termos de espaço físico. É o lugar onde as pessoas podem ir, interagir, compartilhar ideias. O formato digital é importante, mas não vai substituir o livro físico. Acredito que devemos promover um equilíbrio entre as obras impressas e as virtuais – as que são digitalizadas ou as que já nascem digitais.

Roberto Aguirre Bello, chefe de coleções digitais da Biblioteca Nacional do Chile


As Bibliotecas Nacionais, como espaço físico, vão continuar existindo, sem dúvida. Muitas pessoas vão sempre preferir consultar os livros impressos, mas as bibliotecas virtuais oferecem algumas soluções, sobretudo para aqueles que desejam consultar obras de lugares remotos e a qualquer momento do dia. No Chile, a recepção aos objetos digitalizados tem sido muito boa e estamos fazendo todos os esforços para, cada vez mais, chegar a diferentes segmentos da comunidade com nossos serviços.

Aquiles Brayner, curador da coleção digital da British Library e consultor da Biblioteca Nacional do Brasil


A biblioteca física vai virar um espaço simbólico e o simbólico vai virar quase o real, que é o virtual. A biblioteca vai ter que oferecer serviços para acesso a conteúdos digitais, disso não se tem nenhuma dúvida, e os objetos que a biblioteca retém em seu acervo vão ficar quase como um instrumento de museu, não exatamente nesse sentido, porque ele ainda vai ser manipulado. Mas com a cópia digital, a biblioteca vai ter que trabalhar cada vez mais na prestação de serviços do que propriamente na formação de acervos.

Fonte: Blog do Galeno

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Amostra Cultural do IASPInho - 2011

Confira as fotos









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Arquivos de fotos: IASP/2011

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