quarta-feira, 6 de abril de 2011

Estimule a Leitura, não obrigue a Ler


A escola tem grande empenho em desenvolver o gosto pela leitura. É necessário que levemos nossos alunos até os livros, os jornais, as revistas: teremos assim, crianças e adolescentes sensíveis, criativos, questionadores e, conseqüentemente , adultos capazes. Entretanto, devido à complexidade do problema e em face da precariedade de condições oferecida pela realidade brasileira, esse vem sendo também um dos problemas mais difíceis de serem resolvidos.


Tão logo criada, a escrita assumiu um caráter distintivo, conferindo àqueles que dominavam a técnica de escrever (ou de desenhar os sinais equivalentes a palavras inteiras, sílabas ou fonemas) um lugar de destaque na sociedade. A leitura não se configura como um projeto passivo. Longe disso, por exigir descoberta e recriação, coloca-se como produção e exige trabalho do sujeito – leitor.

“Se o ler for tomado como um ato libertador, como uma prática provocadora de consciência dos fatos sociais, por parte do povo, então é interessante ao sistema dominante que as condições de produção da leitura sejam empobrecidas ao máximo, ou seja, que o acesso ao livro e a um certo tipo leitura ( a crítica – transformadora) seja dificultado ou bloqueado. Assim. Desvincular a leitura do trabalho, manter ou fazer aumentar a taxa de analfabetismo no país, desestruturar a imprensa operária, folclorizar as produções escritas do povo, sorrir diante do fechamento das livrarias nacionais, impor ou forçar o rebaixamento da leitura nas escolas, dificultar a distribuição e o consumo de livros no país, explorar ao máximo o trabalhador de modo que não lhe sobre tempo e nem recursos para ler, e etc., todas essas são marcas de uma política que certamente não privilegia a população do livros e da leitura em nossa sociedade”.



O gosto pela leitura que, sem dúvida, resulta de práticas de leituras deve começar a ser desenvolvido nas quatro primeiras séries, precisando, além do estímulo e trabalho constante dos professores, do apoio e acompanhamento dos pais. No entanto, o ensino de gramática tomou conta dos programas e tem tido supremacia diante dos conteúdos de português, leitura e escrita. Desde a Segunda série, mal sabendo redigir suas primeiras sentenças, o aluno começa a decorar listas de coletivos, plurais de substantivos e adjetivos compostos, etc. São palavras soltas, que não estruturam um pensamento, não expressam um sentimento e, logicamente, não permitem a expressão escrita como um todo. O aluno entra em contato com inúmeras palavras, mas não sabe como relacioná-las, não consegue associá-las, não pode estruturar com clareza um período.


O programa de gramática é pequeno, porém a escola consegue ampliá-lo a ponto de o aluno precisar de dez ou mais anos para estudá-lo. O pior é que, ao sair da escola, no Ensino Médio, ele apresenta dificuldades na grafia, na interpretação e, principalmente, na produção de textos.




Resta-nos, então, tentar implantar e desenvolver o hábito de leitura, sabendo que, lendo, ele estará aprendendo à concordância, a ortografia, a regência e, o que é mais importante, a expressar com objetividade seus pensamentos. É um trabalho exaustivo, não é a técnica da varinha de condão, todavia é gratificante e pode modificar a realidade atual.

Fonte: Revista Pedagógica. N. 63/93. p.13.

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