Cerca de 350 educadores de quatro
continentes discutem tema considerado crucial na agenda mundial: a relevância na educação
Jael Eneas
Cerca
de 350 educadores de quatro continentes discutem tema considerado crucial na
agenda mundial: a relevância na educação. Ao citar o educador brasileiro Paulo
Freire, que trata da “pedagogia do oprimido e da pedagogia da esperança”, a
vice-presidente mundial da Igreja Adventista
Ella Simmons parafraseou: “Pedagogia da Esperança é preparar pessoas
para o Céu”. O evento, em sua segunda edição, acontece no UNASP – Centro
Universitário Adventista de São Paulo, Campus 3, em Hortolândia, de 27 a 29 de
janeiro.
A
jornada internacional concluiu na tarde do dia 27 com John Wesley Taylor V,
diretor associado mundial de educação da denominação. Ele afirmou: “Sem
cosmovisão bíblica não há educação relevante”.
Devido
ao clima de diversidade cultural, palestras e conferências tiveram sabor de
desafios no primeiro dia do evento. Na abertura, o reitor do UNASP, Euler Baia
acentuou: “A ´ideologia de gênero´ visa desconstruir a estrutura de sociedade
original proposta por Deus, o Criador, pois, Ele criou ‘macho’ e
‘fêmea’”.
Prosseguiu,
“este esforço traz implicações morais e espirituais. Em última análise, de
sobrevivência da espécie humana”. Participam do evento representantes da
América do Sul (Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Paraguai, Peru e
Uruguai), América do Norte (Estados Unidos e México), Europa (Portugal e
Espanha) e África (Angola).
Diálogo
A
Dra. Simmons provocou o diálogo ao discutir o documento de educação
para século XXI da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura). Ela disse que os adventistas apoiam e concordam com os
quatros pilares propostos: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a
conviver, e, aprender a ser. Todavia, “vão além. Por ter cosmovisão bíblica, a
educação adventista é diferente porque aponta para a direção do céu”,
destacou.
De
imediato, os congressistas se posicionaram. O diretor da Rede de Educação
Adventista para o Estado de São Paulo, Antonio Marcos Alves, com 75
mil alunos e 3,7 mil professores, disse “só uma filosofia com uma dimensão
bíblica pode recontextualizar a educação”. Mais
adiante, Simmons afirmou: “Uma educação inclusiva, ensina as pessoas
a pescar, tem interesse por elas, põe foco na comunidade, assim, como Jesus
fazia”. Novas reações se levantaram.
Do
Chile, o decano da faculdade de educação da Universidade Adventista do país,
Patrício Matamala Montero, via o momento como “oportunidade”. Nelson
Gutiérrez, diretor acadêmico da mesma universidade, considerou que a “pedagogia
que segue o exemplo de Cristo, é uma necessidade premente”. E, concluiu: “Só
assim é possível ser relevantes”.
Embora
a temática fosse a educação universitária, Alexander Dutra, Gerente da CPB
Educacional, avaliou que o evento incluía a “educação básica, pois, ela forma o
caráter da futura geração, enquanto o ensino superior forma líderes”, ponderou.
Da Argentina, o diretor acadêmico da Universidade
Adventista del Plata, Victor Armenteros, disse que o diálogo foi
“surpreendente, fascinante e propositivo por colocar Cristo em primeiro lugar”,
enfatizou. Ele coordena 2,6 mil universitários e 31 cursos de graduação.
África
No
público, havia dois representantes do continente africano.
Daniel Cuvalela Salusinga, diretor de educação da União Sudoeste de
Angola e João Quintino, mesma função na Associação Sul da Angola. “Viemos como
observadores”, disseram. Após historiar o período de guerras onde escolas e
colégios ficaram destruídos, Salusinga disse: “queremos reconstruir o
sistema de educação adventista na Angola. O povo africano clama por uma
educação que restaure a imagem do Deus Criador em cada criança e jovem”,
arrazoou.
Nas
oficinas, o clima de cooperação era visível. De
Portugal, Franscilê Neri de Souza, docente e pesquisador da
Universidade de Aveiro, suscitou interesse no grupo com a novidade do
“Pedagoware”. Nas aulas sobre tecnologia no cenário presente e futuro, ele
sugeriu: “onde tiver software, hardware, professor e alunos, faça com que eles
pensem. Máquinas são apenas máquinas, todavia, aprender a ser gente é tudo”.
Daniel Lévano, diretor acadêmico, se animou em levar a novidade para a
Universidade Peruana União, em Juliaca.
Filosofia
Em
clima de intercâmbio, Marco Goes, líder da Rede Educacional Adventista na
Bahia e Sergipe, com quase 13 mil alunos e 750 professores, defendeu o diálogo
como essencial. “Embora o mundo seja plural, todavia, há espaço para
posicionar-se com ética, em busca de soluções”. O estudante de teologia,
Elton Ohisni, 23 anos, disse que a “filosofia adventista permite olhar o
diferente pelos óculos dos valores bíblicos”.
Eder
Leal, líder da Rede Educacional Adventista nos Estados do Rio de Janeiro,
Espírito Santo e Minas Gerais, defendeu: o “evento calibra, alerta e prepara
docentes para os desafios contemporâneos”. Nestes três Estados brasileiros há
12.750 alunos e 800 professores na Rede. Para o diretor da Rede Adventista no
sul do Brasil, Douglas Menslin, com 38 mil alunos e 2,2 mil professores, é
a “filosofia que pontua a identidade e faz da prática realidade sentida”.
O
líder da Educação Adventista para oito países sul-americano, Edgard Luz,
considerou que “somente com a orientação divina e missão no coração os desafios
educacionais nesta geração serão enfrentados”. Com exceção da Venezuela e da
Colômbia, na América do Sul há 300 mil alunos e 19 mil professores na Rede
Adventista.
A
líder mundial de educação da denominação, Lisa Beardsley-Hardy,
surpreendeu. Ela ofereceu o livro “Biologia”, inédito. A obra editada por H.
Thomas Goodwin, faz uma abordagem adventista da vida. Como texto
suplementar, a publicação trata sobre a evolução, a natureza humana e o homem
como “mordomo” que cuida dos recursos naturais. Lançada nos Estados Unidos, a
série contempla ainda História, Literatura e Sociologia. Mais informações?http://universitypress.andrews.edu.
No
mundo, existem 90 mil professores e mais de 1,1 milhão de alunos em escolas,
colégios e universidades adventistas globais.